segunda-feira, 23 de março de 2009

Defeitos!

Ele se achava gordinho. Ela se achava beiçuda. Ele odiava as pintas em seu braço, e ela odiava as sardas em seu rosto. O olho dele é castanho e não azul. E o cabelo dela é enrolado e não liso. As orelhas dele são muito grandes, e o pé dela também, onde já se viu? Ele não usa roupas de marcas caras, e ela não tem as mãos perfeitas. Ele tem barba, ela tem rinite. Ele odeia ler, e ela detesta animais de estimação. Ele curte rock, e ela prefere beber café. O vocabulário dele não é muito extenso. A letra dela é um garrancho. Ele come que nem um porco, e ela ri muito alto. Ele detesta a canela magricela. Ela odeia ter seios tão pequenos. Ele às vezes conta segredos alheios, e ela às vezes esconde segredos em baixo do tapete. Ele cuida e ela é cuidada. Ele ama, e ela também.
Não importa a gordurinha, o beição, as sardinhas, a tonalidade dos olhos nem a qualidade do cabelo, nem se a orelha é grande ou se a pessoa bebe muito café ou fica irritada com animais de estimação. Não importa o ritmo musical, nem o quão bem a pessoa fala e escreve, nem os desafios que vão vir à seguir. Eles se amam, com todos esses defeitos, visíveis e acessíveis no dia a dia. Os defeitos superam qualquer perfeição, e fazem os dois ficarem cada vez mais apaixonados. Porque eles os superam juntos, e degustam do sabor mais delicioso que pode existir. Que não está na montanha mais alta, nem no mar mais profundo. Nem na escuridão mais negra, nem na poeira das estrelas. Está no coração. Dentro de cada um.

quinta-feira, 5 de março de 2009

Coisas difíceis!

Poxa, quem disse que até nas horas de almoço a gente não pode se emocionar? Me contaram uma história hoje que eu achei bem cara das novelas da Globo. Exceto que não havia pessoas famosas e miliónárias, sem final feliz, e todos aqueles casamentos e bla-bla-blas do final. Contaria toda a história aqui se ela não fosse tão grande, e se eu tivesse uma boa memória e saco. Mas era uma história de amor. AMOR mesmo, desses que acontecem a cada mil anos. Tão raro de se ver quanto achar uma mala de dinheiro na rua. E quando ela me contava, eu sentia meu olho marejar, e meus pelos se arrepiarem (gente, não sou J.K. Rowling¹ - isso realmente aconteceu²), porque eu tenho medo. Medo de não sentir isso. Medo de morrer e não vivenciar essa mistura de paixão, fogo, energia, contração, companheirismo, benevolência. Por que fico tão endagado quando venho falar de amor aqui, ou com qualquer pessoa? Por que penso que não penso em nada, e não quero almejar nada senão um bocado de falta de ar, e borboletas no estômago motivados por alguém? É incrível como minha cabeça funciona... mas existem centenas de pessoas no mundo, das quais milhares eu amaria, das quais milhões eu não vou conhecer. É frustrante. Mas vivo, e espero insanamente a voluntariedade do (?) destino.